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09/11/2025
Ptose
Existe uma frase conhecida entre os cirurgiões oculoplásticos: “Ptosis is hell.” Essa expressão resume, de forma sincera, o quanto a cirurgia de ptose é desafiadora — não por falta de técnica, mas porque envolve muitos fatores imprevisíveis. Por isso, mais do que habilidade cirúrgica, a correção da ptose exige parceria, confiança e clareza absoluta entre médico e paciente.
A ptose não é uma cirurgia "mecânica". O resultado não depende somente do cirurgião; em muitos casos, o paciente participa ativamente durante o procedimento, abrindo e fechando os olhos enquanto o médico ajusta a posição da pálpebra. Esse ajuste fino é essencial para alcançar a melhor simetria possível.
Por que o resultado da ptose é tão variável?
Cada paciente carrega características únicas que influenciam diretamente o resultado. Entre elas:
A condição da musculatura elevadora da pálpebra (forte, fraca ou parcialmente comprometida).
Se a ptose existe desde o nascimento ou surgiu ao longo da vida.
A gravidade do quadro e se afeta um ou os dois olhos. Ptose unilateral é sempre mais difícil de ajustar com perfeição.
A resposta cicatricial de cada organismo, totalmente imprevisível.
A elasticidade da pele e a qualidade dos tecidos.
Processos inflamatórios naturais do pós-operatório.
Doenças associadas, como diabetes, distúrbios neurológicos ou miopatias.
Hábitos de vida, como tabagismo, consumo de álcool ou uso de determinadas substâncias.
E, claro, o quanto o paciente segue corretamente as orientações pós-operatórias.
É a soma de todos esses fatores que determina a evolução — e nenhum deles pode ser controlado 100%.
Possíveis ajustes e complicações
Assim como em qualquer cirurgia, podem ocorrer intercorrências — e isso não significa erro, mas sim a complexidade natural do procedimento.
Entre as situações possíveis estão:
A pálpebra ficar mais alta do que o planejado (retração).
A pálpebra não subir o suficiente (hipocorreção).
Assimetrias entre os olhos durante a cicatrização.
Queda da palpebra do olho que não foi operado , por compensações musculares , revelando ptose que antes não era percebida.
Necessidade de ajustes ou reoperações.
É por isso que a ptose é considerada uma das cirurgias com maior índice de revisões dentro da oculoplástica.
A parceria médico-paciente faz toda a diferença
Para que a cirurgia seja bem-sucedida — tanto tecnicamente quanto emocionalmente — o paciente precisa entrar no processo com:
Expectativas realistas.
Clareza sobre as etapas e o tempo de recuperação.
Entendimento de que ajustes podem ser necessários.
Paciência para acompanhar o período de cicatrização.
Quando médico e paciente caminham juntos, com respeito e comunicação aberta, a jornada se torna mais leve e os resultados tendem a ser mais satisfatórios dentro das possibilidades da anatomia de cada pessoa.
Entrar consciente é entrar mais seguro
Compreender esses fatores desde o início reduz ansiedade, evita frustrações e fortalece a confiança mútua. A correção da ptose é, acima de tudo, um processo — e como todo processo, exige parceria, acompanhamento e compreensão.
No fim das contas, por mais desafiadora que a ptose seja, quando médico e paciente estão alinhados, o caminho se torna mais claro e o resultado, mais positivo para ambos.